quinta-feira, 16 de julho de 2009

" Me vê um de hitlerismo com catupiry "


É penosamente interessante como o segregacionismo somado ao fascismo opera despoticamente o nosso cotidiano patético, fomentados pela imbecilidade e ignorância das nossas competentes “autoridades”.

Nesta noite cinzenta e fria, com um pastel atravessado na minha garganta, pude presenciar um ato brutalmente hostil e infeliz por parte da “nossa” Gestapo estadual:
De maneira sutilmente bruta, consequentemente racista, policiais interrompem a orgia gastronômica de cinco jovens em frente à barraca de pastéis, gerando uma situação humilhante e desnecessária. Três destes jovens foram abordados e, com o óleo dos pastéis escorrendo pelas mãos, levantaram os braços e se renderam a revista dos policiais que, de maneira intimidadora, portavam suas armas, o seu material de tortura-trabalho. Os outros dois jovens que se encontravam sentados não foram interrompidos, nem ao menos interrogados sobre quais eram os seus nomes; pelo que parece, eles não eram “suspeitos”, nada os identificavam como marginais, segundo a concepção dos opressores.
Existe mesmo um estereótipo de suspeito?! Quais são as características de um indivíduo suspeito por cometer atos “ilícitos”?!
Pelo que parece, para os nossos PM’s nazi-fascistas, identificar um criminoso é apenas notar a cor da sua pele ,se caso for um branquelo, parecido com aqueles dois que permaneceram ilesos e respeitados, você está fora de suspeita; no entanto, se a cor da sua pele for a mesma daqueles três garotos, oprimidos e humilhados em meio a ágora do racismo, você está a mercê da violência despótica desses alunos de Hitler.
De fato, ficar em dúvida entre o pastel de carne ou frango não faz de você um suspeito em potencial. Enveredado nesse áporo gastronômico-social, resolvi fazer o meu pedido: “Me vê um de hitlerismo com catupiry!”

Quando tinha 14 anos, no ápice da minha adolescência, fui até um lugar próximo de casa, sem muitas preocupações, com um amigo negro. Ele me indagou se estava com o meu RG no bolso. E respondi que não. Dentro da minha inocência, não o compreendi porque carregava aquele documento para todos os lugares a qualquer hora do dia. Nesse momento, ele se justificou dizendo algo que nunca me esqueci:“É simples descobrir porque nunca se preocupou com isso, olhe para a cor da sua pele."