
É interessante evidenciar algumas pequenas coisas, pequeninas existências sutilmente dilacerantes, que nos tragam e conduzem para um modesto abismo- abismo este que suga nossa garganta e nos mortifica por momentos contínuos-, buscando um consolo em tudo isto que saliva e que mastiga o âmago.
O dia é cansativo, o mês é aflitivo, a casa é um caos ativo e a mente é a base de considerações destrutivas. Comprar o pão é o áporo da manhã, logo após notar os bolsos cheios do esplendoroso vazio. O trabalho, a agonia do ser semelhante, é a certeza da terceira parte paga do cartão no começo do mês. O trem, vertiginosamente amontoado de corpos (im)pensantes, é a confirmação de que a realidade ( empiricamente empobrecida ) é a irrealidade dos surreais filhotes bem nutritos de superficialidade. Divagar sobre intelectualidades, luxo destes favorecidos pelo despertar do meio dia, é apenas um exercício vaidoso para camuflar a ineficiência prática de encarar o que há para além "do seu" bem e "do seu" mal, visto que este fracasso apriorístico se resume nos pilares de uma alegoria culturalmente elitista.
A (in)existência
Um quarto de século, um quarto de inércia, um quarto de serenidade bestificadora,um quarto de desimportância, um quarto de enclausuramento cavernístico, um quarto de livros,um quarto de idealismo, um quarto desinteressado por desgaste, um quarto de ausência vívida, um quarto de pseudo proposições, um quarto de universo paralelo, um quarto de ilogicidade, um quarto de oportunidades desmerecidas, um quarto de sono tranquilo, um quarto de descanso eterno,um quarto mofado em seu próprio egocentrismo.