terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sarau no Caos


Sobre os escombros da cidade desnascida
poetas desvairados esquizofrênicos
lambuzam-se em frescos frêmitos
ejaculando versos na carniça

Plásticos / esquálidos artistas
respiram o aroma fétido da estação
mesmo sabendo que em vão
sucumbem à ordem dos fascistas

Maldita cidade-dormitório!
(re)trata seus mortos com altivez:
aromatiza de merda seus velórios
fúnebre chorume que se fez

Ainda assim, em meio aos ratos,
sobrepondo-se a tais fatos
sublimação e arte foram consumados:
Sarau no Caos, 
a construção dos resignados!

Foto: "2º Sarau no Caos" - Sueliton Lima   

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Sob a cólera de Poseidon


Arquipélagos inconscientes
dotados de amor translúcido
são engolidos subitamente
pelo voraz oceano de mágoas

Assim como Tera
sobreposta entre as águas
do que sempre obtivera:
um mí(s)tico gosto
delicado e exposto -
paixão que supera
indecifrável desgosto

A saliva dessas palavras
sobre a pele detivera
que como súplica despida
despojou-se do meu corpo

E o sopro do amor 
- antes doce porto -
instaura-se no mar cinza
do nosso sacro aborto.







quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Eros & translação

uma semana
um mês
dois anos
nada se desfaz
soberano

em meio as castas
do cotidiano
seu semblante denso:
pura luz profana

conhecer um signo
-vértice súbito-
encasmurrado, assumo
sua flor púrpura
euclidiana

amor intenso
profícuo anseio
transcende insígnias
sublime enleio.















Poema LIUBLIÚ - Maiakóvski