terça-feira, 9 de julho de 2013

Áporos de Alice


A fumaça deste calado cigarro
rasga as faces de nossas almas
assim como lâminas que se embrenham
por entre as cinzas suspensas
dos corações obtusos esclarecidos

Enlouquecidos por respostas aparentes
os olhos de Alice irrompem caminhos metafóricos
escritos e desenhados por uma doce mente -
matemática sublime inexata 

Quantos espelhos serão necessários
para que as faces do abismo
expressem o tamanho espanto
destes corpos enfraquecidos?


Ilustração: Luiz Zerbini

nonsense

o que é o tempo?

descabimento inerente
entre
dicotômicas linhas tênues da razão

(força suspensa sobre polos antitéticos)

Ponteiros de Alice


Nos contratempos do relógio estático
o corpo flutua sereno, espásmico.
A áurea dos paradoxos solenes
refuta o gosto flácido da aurora
em meio a dança
 - insana e descabida -
destas verdes cartolas inesquecidas.


Caro amigo

Enquanto o sopro denso da vida
o carrega aos abismos de tua alma
alguém dorme serenamente sobre o trauma
desta imensa falta de anseios
- inocentes e improváveis -
desfalecidos sob a égide da desrazão.

A estafa do amor o consumou,
caro amigo
Agora,
sobre a poeira cinza de teu corpo
escrevo a decadência deste branco em seus opostos:
à procura de tua essência
à procura de teu gosto.