domingo, 23 de maio de 2010

efêmera metamorfose atemporal

Paulatino distanciamento vital
Os casos cotidianos, dolorosos e fragmentados,
não suportam mais a troca digestiva do diálogo;
A vida saudável e amena,
complementada pelos lírios flutuantes da mente coletiva,
foge na atual singularidade bipolar dos paradoxos massivos,
introspectivamente ensimesmados na vaga flora da gastura.
O tempo desvanece qualquer ideal apriorístico,
todos os subterfúgios que os aproximavam
se racionalizaram na apnéia cotidiana:
Infantis afagos permanecem na região mais tênue da mente.
O garoto sincero e adorável,
convergente nas proposições mais seculares e solidificadoras da convivência,
torna-se a exemplificação da amoralidade desprezível,
da indissociável mutilação libidinal da vida.


"Quanto mais consciência eu tinha do bem e de tudo o que é 'belo e sublime', tanto mais me afundava em meu lodo, e tanto mais capaz me tornava de imergir nele por completo."
Dostoiévski em "Memórias do Subsolo"

acaso objetivo - a (ir)realidade do verbo estar

Convidou-me para viver

Cantando, rodando e sorrindo sutilezas...

“Ela sabe do desejo do seu coração”

E por saber de tal fato,

reminiscente encantamento nos seduziu-

Os “espaços lastimáveis”, as lacunas do (a)mor,

anteriormente fadados ao indigesto pranto recíproco,

dançam agora, neste momento epifânico ao acaso,

“na linha do mar” de projeções e completudes
da existência de um “amor de muito”.



Satisfação plena de ter compartilhado comigo a nossa dança, de ter me tragado com o seu sorriso leve e atemporal de amor de muito.

domingo, 9 de maio de 2010

ant(a)gnosia

Barbárie verbal apriorística,
negação do gênio judeu, assassínio existencial,
tábula rasa ocultista, moralizante;
Os ditos e feitos, quase que indefesos,
suprimidos através do medo vital,
das mesmices desconexas do ego.

É chegada a hora - as luzes soturnas consomem,
o receio de brilhar em meio ao fatum, ao fato,
reprime segredos amoralizantes, as vontades sutis
sugeridas aos astros psíquicos da fome.

O gosto gélido e gasto
da gastura gastroninfóbica
fadada ao fútil gesto fosco,
funesto feito fuga frágil,
fatalmente estigmatiza e niiliza
o paradoxo “a” nadificante-
o “a” então ant,
antecessor ant(a)gônico de Fante,
aprimora-se do vulgo ser pedante.


"Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."
Drummond