segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

messiânico

áporos destituídos de dúvida
sobrepõem-se ao sopro digno
d'um perene estigma-suspiro

gesto fútil, gosto fóssil
fomentam este desvalido vale:
soberba gênese (des)nascida

reificante polidez espásmica
nadificante sordidez asmática
antagônico esporro metafórico
antitético estorvo metafísico

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

zeitgeist tanático

em tempo asco
escasso intento
em vento vasto
inválido, isento

súbito soslaio
cego subverto
signo (in)sensato
cético soberbo

insanos sentidos
enforcam sedentos
em sânscrito fúnebre
o lúgubre incesto

tempos indômitos
infernos enfáticos
estáticos linfomas
estigmas, sintomas

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ontos legein


entretanto
somos/estamos
(in)
devida mente
entre
tantos lados

entre
meados
ante o ente
sobrepujando
(a)o imanente

sábado, 1 de outubro de 2011

theagonia

o nada nauseante
nadifica-se distante
numa sonata errante

estapafúrdia fome
fétida fornece
fé tida como fezes:

claustrofóbica
mente clara e clerical

sábado, 24 de setembro de 2011

Coitus

rolas rudes
retos róseos
revelam risos
ritmos ritos

rostos rondam
rolam rastros
retos restam
a r r o m b a d o s

espermas escapam
estimas exóticas
estigmas exortam
espasmos, esbórnias

cheiro de pau
sujo de sífilis
chupo-lhe o tal
assim como clítores
e sob o anal
sigo as antíteses
trepar no quintal:
fetiches bípedes.


















Joel-Peter Witkin

segunda-feira, 27 de junho de 2011

inverno, resquício
amor tabernáculo
im pre visto:
doce suplício

e na sublimação
ácido obstáculo
suspenso oráculo
dada (in)ação

imponente impotência

quando a d i g n i d a d e
extirpada em meio ao nada
sucumbe a voz gritada

o ser cede o falo
à castração estimada
das sedentas machadadas
impostas que vos falo

feito jogo inerte
invade e subverte
a virulência transviada

um segmento triste
segue e existe
e do dito amor desiste

sábado, 25 de junho de 2011

(efe)méride fálica

quanta incoerência
num copo de café
desrazões imanentes
suscitam o preto fosco
daquele líquido fútil

primeiro gole
segundo espasmo!
nos dentes, o asco
ferida infrutífera
feito fogo faca e fome

no nefasto fato
[fictício feito físico,
funesta fricção fétida]
uma fálica fase:
formidável fruto fugaz
que como foice nos feria
e como falo nos ceifaria.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

sublime sordidez

nômade pensar
vaga alternante
desamores e
encantos

sabe-se que o
sabido
e o mero desvalido
desvanece o
inesquecido

sob o céu súbito
e cético
sonhos cegos, insanos e
sutis
salivam soberanos
em seios sublimes
o sórdido sêmen seco:
sangrento signo
sucumbido.


"Com você eu tenho mesmo de me conformar
eu tenho mesmo de não me conformar
sexo heterodoxo, lapsos de desejo
quando eu vejo o céu desaba sobre nós"

Caetano - Deusa Urbana

quinta-feira, 9 de junho de 2011

dias (a)po(r)ético(s)

quero romper
corromper com a vida
suspender o membro
de sodomita

esquivar-se do nada
comprimir-se de tudo
posto o fato, assumo:
sou um simples vagabundo

"pode ser a gota d'água"
o sangue exposto no limite
estupefato ele assiste
ao desfecho que persiste

segunda-feira, 30 de maio de 2011

aquilo vago
d'aquele asco
prest'o ato
desprezo-afago

ante o anti
(des)apego pedante
do verso s/ente
aporia imanente

desprezo insípido
ESTRIDENTE!
resquício ilícito
r e t i c e n t e...

abrigo incomum
sincera-mente
ao factotum
i n c o n s c i e n t e.

sábado, 7 de maio de 2011

Duchamp e os gatos selvagens


Ligo a televisão, n'um quarto cinza e bastante escuro, e me sento para assistir uma coisa qualquer, algo que esteja passando ao acaso.
Vagarosamente, reconheço o que está passando naquela pequena TV em preto e branco: gatos por todos os lados, parafernálias e recortes de tecidos envolvidos em personagens inumanos gigantes que se escondem atrás dos prédios envelhecidos. Tudo o que se passa nesta película assemelha-se a uma obra surreal, talvez uma impressionante colagem.
Depois de estar plenamente atônito com tudo aquilo, passo a adentrar neste filme no sense que, aparentemente, datava a década de 30. Logo, engendrando-me cada vez mais neste conteúdo latente, reconheço que aquelas "irreais" imagens são recortes de colagens de Dana Dude, o meu amigo artista-poeta-filósofo e, sobretudo, vadio.
Quando amadureço a ideia de que tudo o que estou vivenciando faz parte de conteúdos oníricos e artísticos de uma psique doentia, aparece, inusitadamente, o protagonista/diretor de tudo isso: o próprio Dana Dude!
Este maluco integral corta um deserto repentino guiando um animal imenso, algo medonho que mede o tamanho de um dinossauro, possivelmente era a transformação de todos aqueles gatos em apenas uma espécie - era a onipotência de um gato dinossauro, selvagem e violento, que cortava o deserto numa velocidade inconcebível. O mais incomum disso tudo - se é que posso dizer que exista algo "mais incomum" numa estória tão "non sense" - : Dana guiava o animal somente com uma coleira de pet shop, sorrindo demasiadamente como um esquizofrênico gladiador psíquico.
Neste instante, instigado sob o signo onírico, pensei: "Ele está ensinando Duchamp para os gatos selvagens".

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Portrayal of the traumas and degeneration"

Os pés não estão sólidos, a saliva amarga não cabe na estreiteza da breve e insólita existência, fatos incabíveis para alguém que respira serenamente, que consegue e pode se alimentar com afinco, mesmo que as flores mastigadas estejam vencidas pelo tempo, apodrecidas pelo sofrimento.
Sofrimento este que advém de um permanente desassossego existencial, onde a postura diante da vida não se corresponde com os hábitos e valores morais impostos diariamente pelos corruptores da liberdade, aqueles ludibriadores e tenebrosos senhores da Verdade.
Estar breve, estar aparente e genericamente ausente de introspecção pode fazer do indivíduo um ser razoável, um ser feliz e satisfeito com tudo o que (não) tem. É natural sabermos que o “não ter”, nesse caso, não estabelece relação alguma com questões materiais pejorativas, bens e (in)utilidades tão (oni)presentes nesta sociedade diluída de inerência, distanciada da visceral paixão dos sentidos, da beatitude transgressiva do que a dor e o amor podem propiciar – o deliciar-se com um sofrimento inevitável e único, a epifania do “distanciar-se” lírico de uma solitude que ganha vida e autonomia nas nuances mais intensas da existência.
No entanto, ainda que este distanciamento possa se transmutar em um “deliciar-se” único e pontual, a visceralidade desta cicuta lírica é irremediável e cancerígena, fadando todas as instâncias vívidas a uma escravização atroz e colérica.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Inação Intelectiva - Vida Indolente

Qual instância vazia,
sutilmente arredia,
de mórbida aporia
tenazmente o ludibriaria?

Indagação desconexa
compõe aparente
os resquícios do ente
em um ser intermitente.

Mãos trêmulas, boca seca
(súbitos excrementos)
apatia que disseca
hereges sacramentos.

Diálogo aporético e sucumbido
fatigado, inesquecido:
compõe-se o fato ressequido.

Esse vagar apático da mente,
oniricamente desvalido
e socialmente destruído,
consuma a vida indolente.

terça-feira, 8 de março de 2011

Constipado o vento estomacal,
a falha frágil e doce - suspensa no fatídico caso -
abstrai o desconexo saber abissal;

vaga sorumbaticamente por entre os jardins,
por entre os dentes e afins
de um caminho cinza sem festins.

Suprima o que não pode ser recalcado,
sublime o que não pode ser extirpado.
Não se iluda nas instâncias,
imagéticas infâncias,
de um mundo não consumado.

Engendrado o estigma niilizante,
cético e amoralizante,
potencializa-se o asco nadificante.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Estigma ininteligível

Paredes suprimem o pensar:
o resvalado respiro,
sopro vago e sutil,
alimenta o desespero
do gosto asfixiado e febril.

No dialético horizonte existente
um dejeto defronte se pende;
ao acaso no ser do ente
um feto falho, v i s c e r a l m e n t e.

Escarrando o inteligível
na calçada da estranheza
é fato estar suscetível
a incompreensão da natureza.

Corpos inóspitos e desvalidos
se entregam à desrazão aparente,
seguidos pelo asco onipresente
de uma aporia tênue e intermitente.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Desterro psíquico - O nadificar-se

Desprovido de si mesmo,
(des)caminha consumido pelo dia,
desmerecido por uma apatia.
Quais foram as escolhas que o condenaram?
Sob sete solavancos, súbitos sentidos,
dilacera-se pouco a pouco;
limita-se a ridicularizar cada fala (mal)dita,
cada olhar inseguro e ingenuamente infame,
subvertendo o que foi respirado, refletido e pensado.
E sob um signo ensimesmado,
sente no estigma do desterro
a dissidência do afago:
mera hipótese, um erro.