segunda-feira, 21 de março de 2011

"Portrayal of the traumas and degeneration"

Os pés não estão sólidos, a saliva amarga não cabe na estreiteza da breve e insólita existência, fatos incabíveis para alguém que respira serenamente, que consegue e pode se alimentar com afinco, mesmo que as flores mastigadas estejam vencidas pelo tempo, apodrecidas pelo sofrimento.
Sofrimento este que advém de um permanente desassossego existencial, onde a postura diante da vida não se corresponde com os hábitos e valores morais impostos diariamente pelos corruptores da liberdade, aqueles ludibriadores e tenebrosos senhores da Verdade.
Estar breve, estar aparente e genericamente ausente de introspecção pode fazer do indivíduo um ser razoável, um ser feliz e satisfeito com tudo o que (não) tem. É natural sabermos que o “não ter”, nesse caso, não estabelece relação alguma com questões materiais pejorativas, bens e (in)utilidades tão (oni)presentes nesta sociedade diluída de inerência, distanciada da visceral paixão dos sentidos, da beatitude transgressiva do que a dor e o amor podem propiciar – o deliciar-se com um sofrimento inevitável e único, a epifania do “distanciar-se” lírico de uma solitude que ganha vida e autonomia nas nuances mais intensas da existência.
No entanto, ainda que este distanciamento possa se transmutar em um “deliciar-se” único e pontual, a visceralidade desta cicuta lírica é irremediável e cancerígena, fadando todas as instâncias vívidas a uma escravização atroz e colérica.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Inação Intelectiva - Vida Indolente

Qual instância vazia,
sutilmente arredia,
de mórbida aporia
tenazmente o ludibriaria?

Indagação desconexa
compõe aparente
os resquícios do ente
em um ser intermitente.

Mãos trêmulas, boca seca
(súbitos excrementos)
apatia que disseca
hereges sacramentos.

Diálogo aporético e sucumbido
fatigado, inesquecido:
compõe-se o fato ressequido.

Esse vagar apático da mente,
oniricamente desvalido
e socialmente destruído,
consuma a vida indolente.

terça-feira, 8 de março de 2011

Constipado o vento estomacal,
a falha frágil e doce - suspensa no fatídico caso -
abstrai o desconexo saber abissal;

vaga sorumbaticamente por entre os jardins,
por entre os dentes e afins
de um caminho cinza sem festins.

Suprima o que não pode ser recalcado,
sublime o que não pode ser extirpado.
Não se iluda nas instâncias,
imagéticas infâncias,
de um mundo não consumado.

Engendrado o estigma niilizante,
cético e amoralizante,
potencializa-se o asco nadificante.