sexta-feira, 27 de março de 2009

Nuances de Freud em Caio


Caio Fernando Abreu, o maior escritor marginal e intenso que já conheci, incita-me a escrever-viver de maneira voraz, sepulcralmente "suja" e despojada.Parte de grande mutação intelectual, ou melhor, influência para minha formação pessoal, e intelectual em segunda ordem, "pedras de calcutá" me fez conhecer a existência de um "inconsciente", ou ao menos notar que existia algo para além do que julgava conhecer. É claro que naquele momento, em 2006, ainda não tinha propriedade de fato do que era o "inconsciente", afinal não conhecia os estudos freudianos sobre o assunto.Hoje, posso notar, com base nas teorias pulsionais do psicanalista, que Caio apresentou-me a essas nuances do âmago humano, sobretudo aquilo que conhecemos, através de Freud, como "id".São abordagens violentas e viscerais do cotidiano pulsional de que trata o formidável Caio em toda sua obra, evidenciando aquela máxima: " O Homem é, por essência, violento, sádico". O texto " O inimigo secreto" é uma prova consistente disso, como tantos outros trabalhos, demonstrando nas cartas da personagem principal intensa agressividade, sadismo, próprios do ser humano, atitudes que elucidam a superação do id sobre o superego, tendo o seu ápice no suicídio hipotético da personagem.O sulista também retrata em suas obras imagens típicas de um mundo "underground", "lado b", onde pulsões de vida e de morte se entrelaçam de maneira concisa, ou seja, menos recalcada: prostituição, preconceitos (sobretudo contra homossexuais), drogas e demais nuances que compõem o "inferno dantesco" da década de 80, principalmente.Posto essa colocação, Caio Fernando é tido, ao menos para mim, como excelente objeto de estudo freudiano, juntamente a toda sua riquíssima obra.

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