sábado, 17 de outubro de 2009


Entremeada entre Lou e Nadja

Feita de onírico e nuances do empírico

Afasta-se do incomum cotidiano

Quando seus olhos nos seduzem,

Reinventando o real – agora surreal.

Enveredar-se nesse manifesto conteúdo

Fomentado sob Eros bacante-

simples, sutil e errante

Perdi-me no âmago libidinal,
Um instigante áporo intelectual.


" A beleza será CONVULSIVA, ou não será "

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Devaneio dionisíaco



Castro, casto, claustrofóbico

Coito, corpo, conto

Puta, peito, pinto, pinta

Suga, chupa, senta, soa

Cata, cospe, custa - costas

Farto, fado, fétido

Sento acento acend’o cigarro (ponto)


Instigado pela predileção bacante - o recalque atemporal.

sábado, 3 de outubro de 2009

pathos


australopiléptico infame, úlceraminesiacnética

gastroninfobia miniótica, bestilintelectomaniática

agonikafcatartísico, mediocriatininamoraliante

agnosticísmicamente absartriante.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Bullet in the head – Êxito GCM ( Gestapo Colérica Municipal )


Nazi - fascismo GCM, incompetência e falência na conduta.
Por que ocorre o “acidente” justamente quando adentram a favela?
Por que, fora de sua jurisdição e, sobretudo, de seus interesses,
atiram com displicência e brutalidade até a execução de um inocente?!
Pelo visto, parece-me que essa escola amadora de nazistas está surtindo ótimos resultados: genocídio periférico sempre foi muito aprazível às elites, afinal, da pizza do miserabilismo, as "bordas" são frequentemente jogadas fora.
Mais “um” para as estatísticas cotidianas, menos “um” para incomodar o elitismo pestilento.

Continuaremos ateando fogo em nossa revolta! Viva Heliópolis e sua resistência!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O preâmbulo paradoxal: reminiscências de um inverno



Por que neste momento, neste abismo sepulcral, apareceu-me?

Cintilantes fios avermelhados fomentam minhas pulsões;

Recalcar não é mais possível, sobretudo porque não tenho mais esse limite psíquico

E também não quero, afinal este é meu novo objeto pelo qual, sem ao menos notar, invisto-me pulsionalmente.

A busca infindável pela plenitude, inalcançável, toma uma nova guinada em minha psique:

O superego, entorpecido pela opressão cotidiana, não opera mais convencionalmente

Pois com o advento deste novo eu, conturbado e violentamente instigado sob o signo de thânatos,

as barreiras e morais civilizacionais foram extirpadas, de uma vez por todas,


dando lugar a este atual caos psicótico e monstruoso que sou.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

" Me vê um de hitlerismo com catupiry "


É penosamente interessante como o segregacionismo somado ao fascismo opera despoticamente o nosso cotidiano patético, fomentados pela imbecilidade e ignorância das nossas competentes “autoridades”.

Nesta noite cinzenta e fria, com um pastel atravessado na minha garganta, pude presenciar um ato brutalmente hostil e infeliz por parte da “nossa” Gestapo estadual:
De maneira sutilmente bruta, consequentemente racista, policiais interrompem a orgia gastronômica de cinco jovens em frente à barraca de pastéis, gerando uma situação humilhante e desnecessária. Três destes jovens foram abordados e, com o óleo dos pastéis escorrendo pelas mãos, levantaram os braços e se renderam a revista dos policiais que, de maneira intimidadora, portavam suas armas, o seu material de tortura-trabalho. Os outros dois jovens que se encontravam sentados não foram interrompidos, nem ao menos interrogados sobre quais eram os seus nomes; pelo que parece, eles não eram “suspeitos”, nada os identificavam como marginais, segundo a concepção dos opressores.
Existe mesmo um estereótipo de suspeito?! Quais são as características de um indivíduo suspeito por cometer atos “ilícitos”?!
Pelo que parece, para os nossos PM’s nazi-fascistas, identificar um criminoso é apenas notar a cor da sua pele ,se caso for um branquelo, parecido com aqueles dois que permaneceram ilesos e respeitados, você está fora de suspeita; no entanto, se a cor da sua pele for a mesma daqueles três garotos, oprimidos e humilhados em meio a ágora do racismo, você está a mercê da violência despótica desses alunos de Hitler.
De fato, ficar em dúvida entre o pastel de carne ou frango não faz de você um suspeito em potencial. Enveredado nesse áporo gastronômico-social, resolvi fazer o meu pedido: “Me vê um de hitlerismo com catupiry!”

Quando tinha 14 anos, no ápice da minha adolescência, fui até um lugar próximo de casa, sem muitas preocupações, com um amigo negro. Ele me indagou se estava com o meu RG no bolso. E respondi que não. Dentro da minha inocência, não o compreendi porque carregava aquele documento para todos os lugares a qualquer hora do dia. Nesse momento, ele se justificou dizendo algo que nunca me esqueci:“É simples descobrir porque nunca se preocupou com isso, olhe para a cor da sua pele."

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Uma nova alegoria depois da caverna


Após sete horas intensas no mundo inteligível platônico, deparo-me com uma nova e interessantíssima alegoria, dessa vez pertencente ao aparente mundo sensível:

Ian Curtis e nosso famigerado Donwood são convergentes em nossos cognoscíveis pensamentos, posto que tratam de maneira sublime o "Portrayal of the traumas and degeneration".

Penso nesses traumas de maneira inata, como se estivessemos fadados a uma eterna facada no peito, e assim, degenerando até a nossa potência suicida inconsciente.

Como um esmero mecanismo de sobrevivência, o despotismo e a violência castradora do superego funcionam com imenso "êxito" nos momentos mais niilistas e indigestos do cotidiano; "talvez" aconteça dessa forma por conta de uma famigerada covardia, ou seja, aquele mesmo posicionamento estóico, "cuzão" se preferir.

Pois bem (ou mal), permanecerei, nesse sentido, na penumbra daquela conhecida caverna, com os pés e mãos acorrentados pelo moralismo convencional, aguardando a degeneração junto do senso comum, fingindo ser completo no mundo das aparências e me ludibriando com a pseudo realidade que as suas sombras me proporcionam.


"El sueño de la razón produce monstruos"



sábado, 16 de maio de 2009

Miserabilismo coletivo

Itaquaquecetuba - Linha F

Variante, ali onde "vareia" e nada varia;

esquálidos rostos refletidos nas portas cromáticas,

o amor foi sucumbido pela discriminação.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Felicidade Existe

A morte é efêmera, quase sempre sutil. Mas em alguns momentos ela nos apunhá-la com tanta força que padecemos por horas, dias, meses e nem sempre retornamos para cá da mesma forma.
Hoje estou sem o fígado. E amanhã, quando acordar, quem garante que meu coração estará batendo?

terça-feira, 28 de abril de 2009

"Cê é jão, pra mim" - Uma chacina de recalques.

Benjamin nas mãos e o último instantâneo no pensamento, presenciei uma cena essencialmente humana, sublime:
Chutes, pisões e socos eram distribuídos em um rapaz em plena "ágora" ferrazense, compondo, em meio aos gritos de "cê é jão, pra mim!" e estrondos graves de botinadas no tórax alheio, algo semelhante a um funk carioca dos mais interessantes, evidenciando a bela sutileza do caos pulsional humano. O sadismo da "platéia" refletia-se no sorriso aprazível da "garota hot-dog" com aquela água amarelada que escorria do canto da sua boca. Alguns garotos gritando "mata, mata!", satisfazendo suas pulsões na completude alheia, fomentavam a transgressão insaciável dos agressores.
Nota-se que a mutilação da linguagem esteve intimamente ligada ao ato "licitamente ilícito"(visto que a polícia se manteve estática), afinal os indivíduos que estabelecem um diálogo "civilizado", recalcado, não terminam um desentendimento com atos tão violentos e prazerosos como esses, sobretudo para aqueles que apenas contemplam.

Obra de arte - Jackson Pollock


Homem, o eterno monstro caótico.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lautréamont : escatologicamente intrínseco, sorumbático e sádico.

Segundo Breton, "Cantos de Maldoror e Poesias brilham com esplendor irresistível: são a expressão de uma revelação total que parece exceder as possibilidades humanas."

Trecho de Os Cantos de Maldoror

...Estou sujo. Os piolhos roem-me. Os porcos, quando me olham, vomitam. As crostas e as úlceras da lepra gretaram a minha pele, coberta de pus amarelento. Não conheço a água dos rios nem o orvalho das nuvens. Um cogumelo enorme, de pedúnculos umbelíferos cresce na minha nuca, como num monturo. Sentado num móvel informe, há quatro séculos que não movo os meus membros. Os meus pés criaram raízes no solo e formam, até à altura do meu ventre, uma espécie de vegetação vivaz, povoada de ignóbeis parasitas, a qual ainda não faz parte da planta e, todavia, já não é carne. Apesar de tudo, o meu coração continua a bater. O que é extraordinário, espantoso, dado que a podridão e as exalações do meu cadáver (não me atrevo a dizer do meu corpo) não o alimentam suficientemente. Debaixo do meu sovaco esquerdo instalou-se uma família de sapos, e, quando um deles se move, faz-me cócegas. Cuidado, não vá escapar-se algum e pôr-se a raspar com a sua boca o interior do ouvido: haveria o risco de ele se introduzir no cérebro. No meu sovaco direito há um camaleão que lhes faz um caça implacável para evitar morrer de fome: todos têm de viver. Mas, quando um dos bandos se furta completamente aos ardis do outro, não estão com meias medidas e põem-se a chupar tranquilamente a camada de gordura que cobre as minhas costas; já estou habituado.
Lautréamont
Arte de Salvador Dalí - Canibalismo Outonal (1936)

domingo, 26 de abril de 2009

Nada, Nada, Nada.

Celebes (1921) - Max Ernst

O elefante de Celebes
Tem melado no fiofó
O elefante de Sumatra
Está comendo sua avó
E o elefante indiano
Não sabe onde fica o ânus.

sábado, 11 de abril de 2009

All i need

O grande masturbador - Salvador Dali


Eu sou o ato seguinte
Esperando nas asas
Eu sou um animal
Preso em seu carro quente
Eu sou todos os dias
Que você escolhe ignorar

Você é tudo que eu necessito
Você é tudo que eu necessito
Eu estou no meio de seu retrato
Deitado na grama

Eu sou uma mariposa
Quem quer apenas compartilhar de sua luz
Eu sou apenas um inseto
Tentando sair da noite

Eu só fico com você
Porque não há nenhuma outra

Você é tudo que eu necessito
Você é tudo que eu necessito
Eu estou no meio de seu retrato
Deitado na grama
Está tudo errado
Está tudo certo
Está tudo errado

Thom Yorke

domingo, 5 de abril de 2009


Metafísica não resolve os anseios da alma, do intrínseco;

Ódio, fezes engendradas nos nossos dentes amarelados pela cafeína

Tocar-se no abismo sepulcral, masturbar-se nos delírios da sombra

Id, putaria, sem-vergonhice-arrependimento do não escolhido pela Moral!

A proposta é essa mesma: incompreensão do inevitável estabelecido no hoje.

Dar de costas aos dogmas engendrados no ser fútil do descaso.

Como as questões são meramente estabelecidas pela “tabula rasa” judaica-cristã.

Não seria possível vivermos de acordo com nossas diferenças pré-estabelecidas


O respeito é algo distante, a padronização da vida dificulta a realidade:

Coisas que deveriam existir para facilitar a convivência, hoje, criam um fosso exorbitante.

Pensar não é lícito na convivência despótica familiar, muito menos cogitar a controvérsia.

Banalização do argumento, imposição da hierarquia ocidental: não estamos livres das cadeias culturais que danificam a criticidade alheia.

FODA-SE !

"O Inferno são os outros"
Sartre

sexta-feira, 3 de abril de 2009


Vasto, pútrido e faminto

Mastigar suas vísceras foi para mim

como flutuar por entre o descaso aporético

dos infames mendigos do paraíso.

Cuspi seu fígado na calçada suja,

infestada de flores perfumadas e cinzentas,

após mastigá-lo até que a última gota de sangue,

docemente amarga e insana,

escorresse pelo canto da minha boca.

Tornando-me uma evidência psicótica

da saborosa completude pulsional.


"Un soir, j' ai assis la Beauté sur mes genoux. - Et je l' ai trovée amère. - Et je l' ai injuriée."
Rimbaud - Une Saison en Enfer

sábado, 28 de março de 2009

" O Maior de todos é Rimbaud "

Essa frase elucida a imensa admiração de Vinícius de Moraes pelo inimitável, genial, poeta maldito do século XIX. Continuando a "punhetagem" rimbaudista, posto aqui um clássico do caótico poeta:

Uma Temporada no Inferno

Antes, se lembro bem, minha vida era um festim em que se abriam todos os corações, todos os vinhos corriam.
Uma noite, fiz a Beleza sentar no meu colo. E achei amarga. Injuriei.

Me preveni contra a injustiça.

Fugi. Ó bruxas, ó miséria, ó ódio, a vós meu tesouro foi entregue!

Consegui fazer desaparecer no meu espírito toda a esperança humana. Para extirpar qualquer alegria dava o salto mudo do animal feroz.

Chamei o pelotão para, morrendo, morder a coronha dos fuzis. Chamei os torturadores para me afogarem com areia, sangue. A desgraça foi meu Deus. Me estendi na lama.Fui me secar no ar do crime. Preguei peças à loucura.

E a primavera me trouxe o riso horrível do idiota.

Ora, ultimamente, chegando ao ponto de soltar o último basta!, pensei em buscar a chave do antigo festim, que talvez me devolvesse o apetite dele.

A caridade é a chave.-Inspiração que prova que eu estava sonhando!

"Continuarás hiena, etc..." repete o demônio que me orna de amáveis flores de ópio. "A morte virá com todos os teus desejos, e o teu egoísmo e todos os pecados capitais."

Ah! pequei demais:- Mas, caro Satã, por favor, um cenho menos carregado! e esperando algumas pequenas covardias em atraso, como aprecia no escritor a falta de faculdades descritivas e instrutivas, lhe destaco estas assustadoras páginas do meu bloco de condenado eterno.


Arthur Rimbaud

Poeta Roqueiro

"Aí vem o primeiro marginal. Vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock. Drogado como o guitarrista Jimi Hendrix, bissexual como Mike Jagger, dos Rolling Stones. “Na estrada”, como toda uma geração de roqueiros. Nenhum poeta francês do século passado teve vida tão “contemporânea” quanto o gatão e “vidente” Arthur Rimbaud. Pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética extraordinária — obras-primas entre os 15 e os 18 anos. De repente, largou tudo, Europa, civilização ocidental-cristã, literatura e, cometa, se mandou para a Abissínia, na África. Lá, longe da Europa branca e burguesa que odiava, levou a vida de mercador árabe, traficando armas, varando desertos nunca antes pisados, vivendo a grande aventura infantil, pré-figurada em seu nome de rei lendário. Breve durou esse Camelot. Da África, o rei Arthur voltaria à França para amputar uma perna e morrer, de câncer, num hospital de Marselha, delirando poesia, cercado por padres e sua irmã, ávidos pela confissão desse blasfemo.Claro que uma vida assim não caberia em versinhos. E uma ampla prosa, de sopro largo e rebelde a todas as medidas, que Rimbaud escreveu Uma Temporada no Inferno e Iluminações (...)
Enfim, como diz o próprio poeta: “Eu é um outro”. A melhor poesia de Rimbaud esteve, porém, em seu gesto final: a recusa do “sucesso”, a escolha do “fracasso”, a derrota da literatura, inimiga da poesia, para que esta triunfasse."
Paulo Leminski - Anseios Críticos 2

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nuances de Freud em Caio


Caio Fernando Abreu, o maior escritor marginal e intenso que já conheci, incita-me a escrever-viver de maneira voraz, sepulcralmente "suja" e despojada.Parte de grande mutação intelectual, ou melhor, influência para minha formação pessoal, e intelectual em segunda ordem, "pedras de calcutá" me fez conhecer a existência de um "inconsciente", ou ao menos notar que existia algo para além do que julgava conhecer. É claro que naquele momento, em 2006, ainda não tinha propriedade de fato do que era o "inconsciente", afinal não conhecia os estudos freudianos sobre o assunto.Hoje, posso notar, com base nas teorias pulsionais do psicanalista, que Caio apresentou-me a essas nuances do âmago humano, sobretudo aquilo que conhecemos, através de Freud, como "id".São abordagens violentas e viscerais do cotidiano pulsional de que trata o formidável Caio em toda sua obra, evidenciando aquela máxima: " O Homem é, por essência, violento, sádico". O texto " O inimigo secreto" é uma prova consistente disso, como tantos outros trabalhos, demonstrando nas cartas da personagem principal intensa agressividade, sadismo, próprios do ser humano, atitudes que elucidam a superação do id sobre o superego, tendo o seu ápice no suicídio hipotético da personagem.O sulista também retrata em suas obras imagens típicas de um mundo "underground", "lado b", onde pulsões de vida e de morte se entrelaçam de maneira concisa, ou seja, menos recalcada: prostituição, preconceitos (sobretudo contra homossexuais), drogas e demais nuances que compõem o "inferno dantesco" da década de 80, principalmente.Posto essa colocação, Caio Fernando é tido, ao menos para mim, como excelente objeto de estudo freudiano, juntamente a toda sua riquíssima obra.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Substituição do vestibular pelo Enem: Uma piada de mau gosto do Ministério da Educação.


É incrível como o governo tem a capacidade de degradar cada vez mais o ensino público. Se não bastasse o descaso com o ensino regular e o sucateamento das universidades públicas, a nova pérola do ministério da educação é propor a substituição do vestibular, das 55 universidades federais, pelo Enem- exame nacional do ensino médio. Segundo os mesmos, o exame será reorganizado, exigindo mais conhecimento dos alunos e mantendo aquela, ridícula, característica interpretativa de texto, ou seja, interdisciplinar.
Sou um tanto niilista, não acredito que essa substituição poderia contribuir para o crescimento e democratização, de fato, do ensino superior público, sobretudo porque o Enem, até então, é um exame falho e que não avalia o aluno de maneira concisa, mas sim superficial, afinal a prova “exige” do aluno conhecimentos ínfimos. Dessa forma, muitos deles têm uma oportunidade um tanto contingente, já que grande parte desses novos universitários desistem antes do término de seus cursos, pois não tem o preparo necessário para absorver o conteúdo.
Tão agravante quanto essa contingência de oportunidades é o sucateamento do ensino superior público, visto que as instituições privadas que disponibilizam vagas para alunos provenientes do ProUni ficam isentas de significativos impostos, grana que seria voltada para políticas públicas de ensino.
Pois bem, com tantos atos falhos e infames do Estado, será possível mesmo que a aprovação dessa proposta beneficiará a sociedade e alavancará a educação do Brasil ?!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Talvez um áporo


Sinto-me mal, como se uma enorme náusea me consumisse pelas entranhas e, assolando minha existência, assumindo um abismo diário de solidão. Não estou confortável, definitivamente não estou.

Existe um desassossego visceral e constante em minha psique, parece-me que as possibilidades de futuro resumiram-se em um áporo sepulcralmente solitário: não estou preparado, e talvez nunca estarei, para viver o cotidiano singularmente, ou seja, sozinho. Sinto falta daquela preocupação única daquele indivíduo que lhe quer bem, das perguntas sutis de "como você está?" "como foi seu dia?", sem falar naquelas sentimentalidades naturais de tratamento do tipo: "amor" "lindo" "linda" e etc. ( de fato, isso é muito piegas mesmo. rs)

Bem, são "costumes", "hábitos", dos quais se tornam parte da existência de um relacionamento, tratamentos carinhosos e sinceros, no entanto particulares de um casal. Mas e quando se está "só", como "funciona" isso?! Como é a vida sem um "amor presente" ?!

Olho para o celular com certa expectativa, mas expactativa essa do que ? Logo reflito e noto que ninguém vai me ligar, não espero por, nem sequer, uma mísera ligação! Mas ainda assim espero por algo.

Não entra na minha cabeça tal "descompromisso", tal "liberdade vazia soltitária desconexa"; talvez porque sempre fugi do meu âmago, nunca querendo me deparar com o verdadeiro Rafael, aquele indivíduo confuso, desesperado, impaciente e melancolicamente covarde. Pois é exatamente isso: busco minha existência no "outro" e nunca em mim mesmo. Prova disso, dessa fuga frenética, é o enorme áporo que encontro-me nesse momento: não consigo conviver com um desconhecido, um ser conflitante e inquieto que não sabe pelo que espera, não sabe o que quer e, nem mesmo, oque fazer.

Em meio a tantas incógnitas, consigo concatenar o mínimo de ideias, esclarecendo algo que me parece essencial para o momento, a necessidade de escolher um caminho: Deparar-me com o meu "eu", desconhecido, e me enveredar em uma viagem ao abismo ou, então, continuar uma vida de recalques e felicidades efêmeras, depositando minhas pulsões em "outro" que não eu ?

Talvez tome a mais simplista e covarde atitude: a famigerada fuga através do amor.

Monstro Caótico

Mande ferozmente seus subterfúgios inconscientes para o abismo do recalque

As pulsões delirantes do id querem o levar as profundezas do paraíso infernal, inexistente no mundo judaico cristão

O pai, todo poderoso e unificante, não é nada a mais que uma criação delirante e desesperadora da loucura originária;
com o propósito de suprir o imenso abismo do âmago humano,inumano.

A felicidade, ilusão humana, tem suas raízes em um tratado de paz entre o superego e o ego; no entanto esse contrato é incinerado no momento em que as paixões da gênese rebelam-se, destroem as grades, invadindo como um mar aquela pequena ilha consciente.

O caos estabelecido gera a estranheza, repulsa daqueles que são dados como normais,
Entretanto mal sabem, esses imbecis, que esse é o estágio originário e identificador do monstro pulsional chamado homem.

Introspecção

Nada ocorre, estou isento dos meus pés

A saliva, amarga, engasga ao abismo

Obscuro e desconhecido; mãos tateiam o vento.

Seu aroma, antes suave, habita o inconsciente

Recalcado, extirpado, o afeto migrou ao desconhecido

Inter relacionando-se com as pulsões de morte

Desmerecido pelo ânimo, destituído do magnânimo.

Gritar, Rasgar, correr enveredado na histeria,

Penúrias comportamentais que não foram possíveis,

Afinal o juízo ainda opera de maneira despótica.

A serenidade foi obstruída, através do desespero

Fomentado pela múltipla solidão.