E agora
eu aqui lendo 14.805 representações -
trocas estetas das carícias
mais íntimas:
tempos de céus cheirosos,
dos sorvetes gostosos que te consumiam
de forma verdadeira e sutil.
E neste mesmo momento,
encontro-me com vagalumes cegos
que iluminam meus pensamentos
e cegam meus recalques.
Que (a)caso,
deparo-me com o dia 15 de agosto
- quão sobreposto -
elefantes sobrevoam a
brancura de sua pele
como a convergência transcendente
entre seu cheiro,
seu pêlo
e a leveza daqueles balões
que flutuam levemente
sobre nossas cabeças de algodão.
Como a vida pôde alcançar
tamanho descaminho?
Éramos doces, belos e
inteligentes o bastante
para que não fadássemos
neste umbral séquido.
(...)
Nesta madrugada, acordei com fortes dores
no peito,
não sei se por conta dos infinitos e pensantes
ensejos que venho (es)tragando
ou se, de modo mórbido e esquálido,
meu coração está comprimindo todas as esperanças
daquele deleite sonho futuro:
família sublime, dois filhos felizes e dóceis,
eu e você acordando diariamente
em meio aos nossos anseios e corações unificados -
a maciez de nossas projeções reais.
Materializamos um mundo paralelo,
construindo edifícios (in)transponíveis
com nossas exasperadas mãos apaixonadas;
seus cabelos formavam coloridos mares
que reluziam em nosso céu de estrelas
quentes e pacíficas.
Assim como naquele filme pedante do DiCaprio,
que sempre amei e você nunca tinha visto,
[até o momento da consumação de minha falência em sua vida prática]
em que um casal de amantes metafísicos
se enclausurava em suas inconsciências
por conta de uma desmedida resignação
com o mundo empírico -
resistência visceral, representação intensa
de um amor real e psíquico.
Mas, assim como no dilacerante desfecho deste romance analítico,
nosso mundo desmoronou, destruí
grande parte das estruturas que solidificavam nossas almas -
antes límpidas e insuperáveis sublimações.
E nesta degenerada temporada no inferno,
totalizantes desencontros abissais
acinzentam-me no umbral de escombros decepcionantes:
um labirinto tísico, preponderante.
Para (re)ler ao som de "Canções de apartamento" - Cícero
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Errata: a passagem da manada subjetiva e abstrata ocorreu no dia 31 de agosto, diferentemente do registro citado acima.
ResponderExcluirLindo, intenso, bem diferente do que você costuma registrar por aqui. Desta vez ficou claro um sentimento -apesar de confuso- que me remete à esperança de que se deve ter sobre o "viver".
ResponderExcluirMe fez lembrar de "pois é" do Hermanos.
Parabéns por toda a sensibilidade.
Foi como ser feliz de novo.
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